segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Como era chato antes do Sítio!

“O bicho-de-cozinha deitou água na caçoula atestada de beldroegas e, asinha, partiu na treita dos três mariolas”...* Textos como esse, com os quais as crianças eram forçadas a se alfabetizar, é que impulsionaram Monteiro Lobato a escrever para elas à partir de 1920.



Um bom texto literário há de agradar a crianças e adultos. A diferença é que há livros que as crianças não entendem e, por isso, requerem textos mais acessíveis. Autores asseguram que escrever “para crianças” exige o mesmo empenho de escrever “para adultos”.
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Crianças que lêem com seus pais têm maior probabilidade de se tornarem leitores competentes. Relacione as histórias lidas com coisas e fatos da vida da criança.

Compartilhe conosco suas histórias de leituras junto aos pequeninos. Suas palavras não podem ficar de fora do texto coletivo sobre leitura a ser enviado ao Senado Federal!




*Recordações do cronista Afonso Schimidt, citado em Monteiro Lobato: Furacão na Botocúndia , a biografia mais completa de Monteiro Lobato, escrita por Carmen Lucia de Azevedo, Márcia Camargos e Wladimir Sachetta. Editora Senac.

2 comentários:

  1. Na minha opinião, os livros do Sítio não eram pra criança, suas adaptações para TV, sim, o que popularizaram a obra.
    Tb há as diferenças de linguagens nas épocas e é interessante colocar as crianças em contato com vocabulário diverso e fazê-las pesquisar seus significados.
    Eu fiz isso, não morri, e vc?
    Um abraço

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  2. Lobato escreveu, sim - e deliberadamente - para o público infantil. Atestam isso seus registros bibliográficos, dos quais consta uma séria meditação sobre o assunto. Recebeu centenas de cartas de crinças do Brasil inteiro e chegou a homenagear algumas delas em alguns livros da série Picapau Amarelo. Ao fim da vida, se arrependia de não ter escrito mais para crianças, uma vez que foram as únicas que acreditaram, por exemplo, quando ele disse que havia petróleo no Brasil (os "adultos" o que fizeram foi prendê-lo). O que ele não admitia era a infantilização dos pequenos (pecado, aliás, de muitos livros e peças teatrais infantis ainda hoje). Peter Pan, que escreveu para crianças, foi seriamente censurado, pelo seu alto teor crítico da política brasileira. Quanto a colocar as crianças em contato com vocabulário diverso, Lobato o fez - e como! A diferença é que, com ele, erudição não precisa ser algo chato e o linguaja popular é detentor de muita sabedoria. Ele soube, como poucos (e foi pioneiro nisso), articular esses aspectos linguisticos como ninguém.

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