segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Incentivo à leitura leva a um aumento na média de Língua Portuguesa

Diário do Noroeste / Instituto Brasil Leitor - 22/09/2010

Via Blog do Galeno

No Paraná, as escolas da rede pública estadual vêm apresentando, ao longo dos anos, uma elevação qualitativa no ensino da Língua Portuguesa. Analisando as médias de desempenho da 8ª série do ensino fundamental na Prova Brasil, observou-se que em 85% das escolas houve aumento da média nessa matéria. O desempenho em Língua Portuguesa na Prova Brasil é um dos indicadores que compõem o IDEB e um dos responsáveis pelo crescimento do índice conseguido pelo Paraná de 2005 a 2009.

Para a secretária de Educação do Paraná, Yvelise Arco-Verde, as ações desenvolvidas pela Secretaria de Estado da Educação (SEED), por meio do Departamento da Educação Básica (Deb), determinantes para essa evolução. “Os excelentes resultados que as escolas vêm apresentando, especificamente em Língua Portuguesa e, num plano geral, em todos os indicadores do IDEB, refletem o intenso trabalho que está sendo realizado e, é claro, nos gratifica”, explica.

Yvelise entende que as ações da SEED têm obtido sucesso, mas lembra que está na comunidade escolar a força para erguer a qualidade do ensino. “O esforço do governo tem sido incansável, mas, sem desmerecer o que temos feito, é o comprometimento dos alunos, dos professores, dos funcionários e a participação dos pais na escola que são fundamentais para a melhoria da qualidade de ensino. Isso significa que o resultado do Ideb mostra que conseguimos avançar na educação graças às políticas públicas, e a participação ativa da comunidade de cada escola no processo de ensino-aprendizagem”, afirma.

Incentivo à leitura

Luiz Carlos Felipe, é especialista em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Desde 2005, é convidado pelo Deb/SEED para dar palestras a professores e agentes das bibliotecas escolares das escolas da rede estadual no Centro de Formação Continuada de Faxinal do Céu, município de Pinhão.

O principal objetivo das palestras é fazer com que o acervo literário das bibliotecas escolares seja utilizado pelos alunos, não somente como fonte de estudos, mas também como lazer. E, segundo Felipe, também é importante que toda a comunidade escolar tenha livre acesso às obras literárias. “O que se pretende é colocar os professores e agentes das bibliotecas próximos ao que há de mais moderno no campo da abordagem da literatura”, explica.

Para motivar os estudantes a ler, ele sugere a realização de trabalhos diferenciados, como oficinas de contos, valorizando o papel de mediação do professor para que o aluno chegue ao livro de literatura. “É importante que haja procedimentos interessantes para atrair o leitor, como rodas de leitura, contação de histórias, filmes e música, tudo isso aliado a uma melhor exposição dos livros na biblioteca escolar para, efetivamente, democratizar o acesso à leitura”, diz. O importante, segundo ele, é não fazer da biblioteca escolar um espaço de punição ou castigo, mas de atividades para que o aluno possa frequentar, ouvir ou contar histórias.

Felipe comenta que a formação dos professores interfere na maneira de utilizar o livro como um recurso pedagógico. “Muitos não sabem como tornar a leitura uma atividade pedagógica, como analisar uma obra e sentem insegurança de como avaliar”, avalia. Os professores também devem estar atentos na formação individual do estudante, porque, segundo ele, pode ocorrer do aluno não estar preparado para a leitura de determinado livro. “A intenção da leitura da obra deve ser considerada, é preciso saber por que os estudantes estão lendo a obra, se para dramatização, para apresentação em aula ou para o vestibular”, explica.

O especialista lembra que existem três eixos que orientam as aulas de Língua Portuguesa, presentes nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE): oralidade, leitura e escrita. “O livro pode gerar ações para estes três eixos, privilegiando o debate, seduzindo o leitor ao relacionar literatura e realidade”, define. Para ele, uma possibilidade de bom aproveitamento da leitura é a apresentação de relações entre o livro e tudo aquilo a que o aluno está exposto no seu cotidiano, tentar um caminho de entrada para questões éticas, sociais, de gênero, de etnia etc. “Enfim, é usar a leitura como viés de discussão e de reflexão, provocando o aluno a entendê-la dessa forma”, diz.

O incentivo à leitura não é papel apenas dos professores de Língua Portuguesa, mas de todas as disciplinas, define Felipe. “Um bom leitor tem condições, se bem trabalhado, de se interessar por outras vias de conhecimento, cabe ao professor de cada disciplina trabalhar isso”. Ele ainda explica que o acesso a novas leituras depende da autonomia que o aluno acaba desenvolvendo. “A boa literatura não oferece respostas, mas leva a questionamentos. O aluno vai a outras obras, o aluno pratica a leitura na busca pelas respostas”, conclui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário