terça-feira, 20 de abril de 2010

Quase três anos sem a Biblioteca Mário de Andrade

Cristiane Bomfim. Jornal da Tarde - Sexta-feira, 16 de abril, 2010

Biblioteca, a maior de São Paulo, está fechada para reforma desde 2007



“Fechar a biblioteca é bloquear o acesso ao conhecimento. É nela que se lê o livro de graça, se faz a pesquisa e se documenta. E toda essa parte cultural está travada e há quase três anos. É um total descaso do poder público.” É assim, de forma contundente e realista, que o escritor e jornalista Ignacio de Loyola Brandão fala sobre a Biblioteca Municipal Mário de Andrade. Fechado para reforma desde setembro de 2007, o local deverá reabrir todos os seus setores ao público apenas no fim deste ano.

No começo de sua carreira como jornalista, Loyola frequentava o espaço para fazer pesquisa. “Ia procurar referências para escrever matérias”, diz o escritor. A previsão para a conclusão das obras era março de 2009. Com um ano e um mês de atraso, a Secretaria Municipal de Cultura diz agora preferir não especificar as datas, mas promete que até o fim deste semestre ao menos a biblioteca circulante será aberta ao público - e todo o complexo até dezembro.

Segundo operários, todos os dias alguém busca informações sobre a reabertura do local, onde não há nenhum aviso ou previsão de data de reabertura. A biblioteca, fundada em 1925, fica na esquina da Avenida São Luís e Rua da Consolação, no centro histórico da capital. O edifício-sede é considerado um dos marcos arquitetônicos da cidade.

Seu acervo conta com aproximadamente 3,3 milhões de títulos - entre eles, 300 mil livros. Considerada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) uma das prioridades da Cultura, a obra foi inicialmente orçada em R$ 13,2 milhões. O projeto, que tem financiamento do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), ganhou um prédio anexo em dezembro de 2009, que aumentou o custo da reforma em mais R$ 10,2 milhões. Ele fica na rua lateral da Praça Dom José Gaspar, onde está a biblioteca, e abrigará todo o acervo de periódicos da Mário de Andrade. Nestes quase três anos, o valor mais que dobrou e chegou a R$ 26,65 milhões.

O presidente da comissão de direito administrativo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adib Sad, explica que todas as obras contratadas pelo poder público têm data de entrega definida por contrato. “Os motivos para os adiamentos têm de ser totalmente justificados.” Quando a empresa contratada não cumpre os prazos estabelecidos, a Prefeitura pode aplicar sanções, como multas.

Apesar da demora e da falta de prazos, a diretora da biblioteca, Maria Christina Barbosa de Almeida, garante que os usuários se sentirão compensados com a reabertura. “Ela será moderna e todo o acervo poderá ser consultado”, diz. A biblioteca circulante, que hoje é composta por 43 mil títulos, deve chegar a 60 mil e ficará no térreo.

Parte do acervo de 191 mil livros passou por restauro e desinfecção. Muitos estavam corroídos e empoeirados. Recuperados, ficarão em 12 andares do edifício. A consulta será feita no segundo andar. Obras raras, mapas e a sala de artes ficarão no primeiro pavimento.

Um comentário:

  1. Uma biblioteca fechada, tão rica assim, é um atraso enorme para a cultura de um País. Saludos. Maria José Limeira, de João Pessoa-PB.

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