sexta-feira, 30 de abril de 2010

Primeiro Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais


MinC divulga pesquisa encomendada à FGV, que revela o perfil das instituições em todo o país, e esse mapeamento inédito permitirá o aperfeiçoamento das políticas para o setor

O 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais mostra que, em 2009, 79% dos municípios brasileiros possuíam ao menos uma biblioteca aberta, o que corresponde a 4.763 bibliotecas em 4.413 municípios. Em 13% dos casos, as BPMs ainda estão em fase de implantação ou reabertura e em 8% estão fechadas, extintas ou nunca existiram. Considerando aquelas que estão em funcionamento, são 2,67 bibliotecas por 100 mil habitantes no país.

O levantamento aponta que as BPMs emprestam 296 livros por mês e têm acervo entre dois mil e cinco mil volumes (35%). Quase a metade possui computador com acesso à Internet (45%), mas somente 29% oferecem este serviço para o público. Os usuários frequentam o local quase duas vezes por semana e utilizam o equipamento preferencialmente para pesquisas escolares (65%). Quase todas as bibliotecas funcionam de dia, de segunda à sexta (99%), algumas aos sábados (12%), poucas aos domingos (1%). No período noturno, somente 24% estão abertas aos usuários. A maioria dos dirigentes das BPMs são mulheres (84%) e tem nível superior (57%).

Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasileiros. Em 4.905 municípios foram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de funcionamento de BPMs, no período de setembro a novembro de 2009. Os 660 municípios restantes - identificados sem bibliotecas entre 2007 e 2008 pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e atendidos pelo Programa Mais Cultura com a instalação de BPMs - foram pesquisados por contato telefônico, até janeiro deste ano.

O Censo Nacional tem por objetivo subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas públicas brasileiras. Segundo o levantamento, em 420 municípios as BPMs foram extintas, fechadas ou nunca existiram. O MinC - por meio da Fundação Biblioteca Nacional, com recursos do Programa Mais Cultura - em parceira com as prefeituras municipais, promoverá a implantação ou reinstalação dessas bibliotecas, com a distribuição de kits com acervo de dois mil livros, mobiliário e equipamentos, no valor de R$ 50 mil/cada, totalizando R$ 21 milhões. As BPMs receberão, ainda, Telecentros Comunitários do Ministério das Comunicações.
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Região Sul tem mais bibliotecas por 100 mil habitantes

O Sul é a região brasileira com mais bibliotecas por 100 mil habitantes (4,06), seguida do Centro-Oeste (2,93), Nordeste (2,23), Sudeste (2,12) e Norte (2,01). Tocantins (7,7 por 100 mil) é a unidade da federação com melhor índice, bem à frente das demais: Santa Catarina (4,5), Minas Gerais (4,1) e Rio Grande do Sul (4,0). Entre os piores índices estão Amazonas (0,70), Distrito Federal (0,76), Rio de Janeiro (0,86), Acre (1,44), Pará (1,60) e São Paulo (1,62).

Já o município brasileiro com maior número de bibliotecas neste quesito é Barueri, em São Paulo (4,07 por 100 mil habitantes), seguido por Curitiba (2,97) e Santa Rita, na Paraíba (2,36). Entre os piores índices estão Fortaleza (0,03), Manaus (0,05) e Salvador (0,06).

Segundo a pesquisa, a região Sudeste é a que possui mais municípios com bibliotecas abertas (92%), seguida do Sul (89%), Centro-Oeste (81%), Norte (66%) e Nordeste (64%). O Distrito Federal, com apenas uma cidade, Brasília, é a unidade da Federação que tem mais localidades com bibliotecas (100%), seguida pelo Espírito Santo (97%) e Santa Catarina (94%). O Piauí (34%) e o Amazonas (37%) têm os menores percentuais.

O Nordeste do país é a região que receberá mais kits do Governo Federal para a implantação de bibliotecas: 161 municípios, seguida pelo Sudeste (104), Sul (67), Norte (51) e Centro-Oeste (37). As cidades que não receberão kits já estão reabrindo ou implantando suas bibliotecas.

Capitais têm índices baixos de bibliotecas por 100 mil habitantes

De uma lista com 263 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, as capitais têm índices mais baixos. A exceção é Curitiba (2,97). A segunda melhor no ranking é Palmas (1,06) – mas está em 28º na lista, enquanto a terceira é Brasília (0,76) – 100ª colocação. Todas as demais capitais ficam abaixo desta colocação. A única capital que não possuía BPM aberta na ocasião da pesquisa era João Pessoa. O prédio encontrava-se em reforma e a BPM já havia recebido kit de modernização do Programa Mais Cultura.


Maioria usa BPMs para pesquisa escolar

Em todo o país, os frequentadores das bibliotecas municipais vão aos estabelecimentos para fazer pesquisas escolares (65%), pesquisas em geral (26%) e para o lazer (8%). Os nordestinos e os nortistas registram a maior frequência para pesquisa escolar (75%), enquanto os usuários do Sudeste são os que mais frequentam para o lazer (14%).

Entre os estados em que o uso da biblioteca para pesquisas escolares é maior está o Amapá (91%) Por sua vez, os frequentadores de São Paulo são os que mais vão às bibliotecas para o lazer (22%).

Os assuntos mais pesquisados nas bibliotecas são Geografia e História (82%); Literatura (78%), e obras gerais – enciclopédias e dicionários – (73%). Neste quesito, a resposta era de múltipla escolha e, portanto, a soma é superior a 100%.

Usuário visita biblioteca cerca de duas vezes por semana

Segundo o levantamento, a média de visita ao estabelecimento é de 1,9 vez por semana. Os moradores do Nordeste são os que mais frequentam bibliotecas municipais (2,6 vezes por semana), enquanto a média do Sul e do Sudeste é a mais baixa (1,6 por semana). Norte e Centro-oeste têm frequências de 2 e 1,8 vezes por semana, respectivamente.

Roraima é o destaque, com ida de 4,1 vezes por semana, seguida por Pernambuco (3,7) e do Distrito Federal (3,5). Os piores índices de frequência ocorrem no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe (ambos com uma vez por semana).

Origem do acervo da maioria das bibliotecas é doação

O acervo da maioria das bibliotecas é constituído por doação (83%). O Nordeste é a região onde as doações são maiores (90%), seguido pelo Sudeste (85%) e Centro-Oeste (84%). Por outro lado, o Sul tem o maior índice de compra de acervo (28%), seguido pelo Norte (19%).

Na média brasileira, a maior parte das bibliotecas tem acervo entre dois mil e cinco mil volumes (35%). Nas demais faixas: até dois mil volumes (13%), entre cinco mil e dez mil (26%) e mais de dez mil (25%). É no Sudeste que se concentra a maior quantidade de bibliotecas com acervo superior a dez mil volumes (36%). Por outro lado, a maior quantidade de bibliotecas com até dois mil volumes está concentrada no Norte (25%).

Sudeste lidera média de empréstimos de livros

A média nacional de empréstimos domiciliares é de 296/mês. Os moradores do Sudeste são os que mais fazem empréstimos (421/mês), seguidos do Sul (351/mês), Centro-Oeste (157/mês), Nordeste (118/mês) e Norte (90/mês).

Entre os estados, São Paulo faz mais empréstimos (702/mês), seguido do Distrito Federal (559/mês) e Paraná (411/mês). As menores médias ocorrem no Amapá (11,7/mês), Tocantins (43,5/mês) e Maranhão (52/mês).

Menos de 10% das BPMs oferecem serviço para pessoas com deficiência

Apenas 9% das BPMs oferecem serviços para deficientes visuais (audiolivros, livros em Braille etc). No caso dos serviços especializados para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos, o índice cai para 6% das bibliotecas.

Apenas 24% das BPMs funcionam à noite e 1% aos domingos

A grande maioria dos estabelecimentos funciona de dia, de segunda à sexta-feira (99%). Somente 12% abrem aos sábados e 1% aos domingos. O Sudeste é onde existe um percentual maior de bibliotecas que funcionam aos sábados (14%), seguido do Centro-Oeste (13%), Sul (12%), Norte (11%) e Nordeste (6%).À noite, 24% dos estabelecimentos estão abertos. No Nordeste é onde está a maior parte das bibliotecas que funciona à noite (46%), seguida do Norte (28%), Centro-Oeste (21%), Sul (18%) e Sudeste (12%).
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Quase metade das bibliotecas tem acesso à Internet
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A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas revelou, também, que 45% das bibliotecas têm computadores com acesso à internet. O Sul concentra o maior percentual de estabelecimentos com acesso à internet (65%), enquanto o Norte tem o menor (20%). No entanto, em apenas 29% das BPMs do país os usuários têm acesso direto à Internet. Mais uma vez o Sul lidera este item (45%), enquanto o Norte tem a menor quantidade (15%).

Maioria das BPMs desenvolve programação cultural

A maioria das BPMs oferecem alguma atividade cultural (56%). Entre os serviços prestados a seus usuários, o mais recorrente é a Hora do Conto – ocasião em são contadas histórias para as crianças e jovens. Este serviço é oferecido em 29% dos estabelecimentos. Já 25% promovem oficinas de leitura e 24% realizam roda de leitura.
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Dirigentes das BPMs são mulheres e têm nível superior
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O levantamento mostra que 84% dos dirigentes das bibliotecas são mulheres. Em Santa Catarina, Acre e no Rio Grande do Norte o índice chega a 90%, seguidos por Paraná (88%) e Pernambuco (87%). A maioria dos dirigentes tem nível superior (57%). O Acre é onde o grau de instrução é maior (80%) e o Amapá, a menor (27%).

Na média nacional, as BPMs têm 4,2 funcionários – o Nordeste tem o maior índice (5,7), seguido do Norte (4,5), Sudeste (4,1), Centro-Oeste (3,5) e Sul (3,0). O Distrito Federal é a unidade da Federação com a maior quantidade de funcionários (8,1) e Santa Catarina é a que tem a menor (2,4).
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Saiba mais:
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Faturamento das livrarias deve crescer 11,87% em 2010



Do R7 -23/04/2010


O faturamento do setor de livrarias no Brasil deve crescer 11,87% em 2010, segundo previsão da ANL (Associação Nacional de Livrarias). Em 2009, o aumento foi de 9,73%, comparado ao mesmo período de 2008. Esse crescimento também significa emprego - cerca de 35 mil profissionais atuam na área. Uma boa notícia para os leitores, é que nos últimos cinco anos o livro ficou 23% mais barato.
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Esses fatores podem ser bons incentivos à leitura, mas de acordo com a presidente do Instituto Pró-Livro, Sônia Jardim, o brasileiro ainda lê pouco. A razão, ela afirma, é a falta de políticas públicas, mas também falta de dinheiro.
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- Na pesquisa que realizamos, Retratos da Leitura no Brasil, a renda está diretamente ligada aos hábitos de leitura. Cerca de 18% dos entrevistados afirmaram que não leem por falta de dinheiro. Porém, o Brasil está crescendo e isso tende a mudar com o tempo.
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Segundo Sônia, o brasileiro lê em média 1,6 livro por ano, e incluindo livros didáticos, esse número chega a 4,7. Ela relatou que alunos que leram quatro livros no ano tiveram um melhor resultado na avaliação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) do que os que não leram essa quantidade.
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De acordo com a ANL, o Brasil possui 2.600 livrarias, sendo 70% de pequeno e médio porte com um faturamento mensal entre R$ 35 mil e 45 mil. Segundo estatísticas da Unesco, o ideal para um município é uma livraria para cada 10 mil habitantes. No Brasil um número perto do razoável seria de 4.900 Livrarias. Como o Estado que possui o maior número de livrarias está São Paulo, com aproximadamente 590 na região metropolitana.

Dificuldades
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Apesar do crescimento das livrarias, o presidente da ANL, Vitor Tavares, diz que tem sido difícil para as redes pequenas sobreviverem porque sites varejistas, como supermercados, também estão vendendo livros.
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- Hoje, sem nenhuma sombra de dúvida, há concorrência desleal por parte de alguns sites varejistas. Isso não permite que a pequena e média livraria consiga ter o seu balanço fora do vermelho. Em nossa pesquisa sobre o segmento das livrarias no Brasil, apresentado no início deste ano, foi possível identificar que 30% dos filiados à ANL ainda não têm condições e não estão preparados para vender pela internet.
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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Programa Abuelas Cuentacuentos

A Fundación Mempo Giardinelli criou um blog para o programa Abuelas Cuentacuentos, iniciativa que, desde 1999, articula uma rede de voluntariados que promovem a leitura entre as crianças argentinas. A ideia é que cada “abuela” (avó) acompanhe semanalmente o crescimento de um grupo de crianças em leitura literária em cantinas comunitárias, orfanatos e escolas. As voluntárias também auxiliam pessoas de outras faixas etárias em hospitais, instituições geriátricas e prisões.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Governo prepara-se para abrir mais bibliotecas

Do Blog do Galeno

A Fundação Biblioteca Nacional prepara edital para apoiar a modernização de 200 bibliotecas este ano. Também serão apoiadas outras 300 por meio de um outro edital que será anunciado em breve pelo Ministério da Cultura. Estão previstas, ainda, a implantação de mais de 400 bibliotecas municipais e a criação e modernização de algumas bibliotecas de referência e bibliotecas-parque.Vale a pena pensar se não seria o caso de, finalmente, instituir uma ampla e vigorosa política para revitalizar nossa combalida rede de 6 mil bibliotecas públicas (sem contar as comunitárias e as escolares). É o que falta para virar política de estado.


E o censo nacional de bibliotecas?


O Ministério da Cultura acabou não anunciando, conforme previsto para sexta, 23/4, Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, seu primeiro censo nacional de bibliotecas públicas. Encomendado à Fundação Getúlio Vargas, o estudo deve mostrar o que ainda falta para o governo zerar, em 2010, o número de cidades sem bibliotecas, como quer o presidente Lula. Também era esperado o anúncio do edital de apoio às bibliotecas públicas via programa Mais Cultura.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

IV Feira da Arte Solidária

*Clique sobre a imagem, para ampliá-la*



Jovens autores e a formação de novos leitores

Urik Paiva - 14/04/2010

Via Blog do Galeno

O Povo - 13/04/2010 - Fortaleza

Para muitos autores, foi na infância e na adolescência que surgiu o amor pelos livros. Nessa época, somos mais abertos ao novo e, portanto, estamos propícios ao apego. E quando nos entregamos ao gosto pela leitura, o hábito não desaparece. É livro no quarto, na sala, na estante, na cozinha, no banheiro. É aquela leitura descompromissada no ônibus, clandestina na sala de aula ou no trabalho, iluminada na praia, silenciosa e solitária na biblioteca. Infelizmente, essa realidade não é percebida em todos os lares brasileiros. A cultura audiovisual está tão avançada que quase não permite a concorrência do texto, o que dificulta a conquista de novos e jovens leitores. Ainda bem que estamos presenciando uma onda de programas e projetos de incentivo à leitura, advindas tanto do poder público como da sociedade civil. É evidente que não se faz um país de leitores em alguns poucos anos, mas já vemos avanços consideráveis Brasil afora. Já foi dito, e está certo, que eventos ligados ao livro, como a IX Bienal Internacional do Livro do Ceará, em andamento no Centro de Convenções, são importantes formadores de novos leitores. O contato de crianças e adolescentes com escritores e poetas mostra aos jovens que a leitura é algo encantador e apaixonante que deve fazer parte do cotidiano sociocultural de um povo.

Muitos desses jovens, apaixonados por versos e histórias, se tornam autores ainda na pouca idade. Quando os sentimentos provocados pela leitura transbordam no papel, temos os primeiros contos e poemas, ainda cambaleantes, como filhotes recém-nascidos reconhecendo terreno.

Apesar do muito a evoluir, são obras-primas enquanto exercícios de subjetividade, por vezes intensa. Jovens escritores incentivam a formação de novos leitores e escritores. Trata-se da vontade de construir universos, brincar com a língua. Quando crianças e adolescentes percebem que outros deles são capazes de produzir textos e publicá-los, eles se sentem convidados a peregrinar pelos caminhos da escrita. E nem é preciso comentar a importância social da leitura como elemento de cidadania.

Tudo não passa da vontade de ler mais. Escrever é ler também: ler mundos, pessoas e fatos. Tateando pela escrita se tem a percepção ainda maior da linguagem, em todas as possibilidades, jogos e variações. É como um cego, que vê pegando, sentindo, lendo o mundo através das mãos. Bons autores são, antes de qualquer coisa, bons leitores. A literatura como ofício é aprendida na lida trabalhosa da leitura. Mas essa não é apenas uma questão técnica de causa e consequência: existe a paixão no meio de tudo. Vou reformular a frase: bons autores são, antes de qualquer coisa, leitores apaixonados. A escrita é uma forma de viver esse sentimento de forma ainda mais intensa.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mais de R$ 2 milhões para projetos de literatura

Mais de R$ 2 milhões para projetos de literatura

PublishNews - 20/04/2010 - Por Redação

A Funarte está com processo seletivo aberto para o Bolsa Funarte de Circulação Literária, que vai distribuir cerca de R$ 2,1 milhões entre as pessoas interessadas em desenvolver atividades de fomento à área literária, como oficinas, cursos, palestras e programas de contação de histórias. As ações devem acontecer nos municípios atendidos pelo programaTerritórios da Cidadania, do Governo Federal. Serão concedidas 50 bolsas, cada uma no valor de R$ 40 mil. As inscrições seguem até 27 de maio para proponentes de todas as regiões brasileiras. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2279-8082 ou pelo e-mail cepin@funarte.gov.br. Para o edital, clique aqui.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quase três anos sem a Biblioteca Mário de Andrade

Cristiane Bomfim. Jornal da Tarde - Sexta-feira, 16 de abril, 2010

Biblioteca, a maior de São Paulo, está fechada para reforma desde 2007



“Fechar a biblioteca é bloquear o acesso ao conhecimento. É nela que se lê o livro de graça, se faz a pesquisa e se documenta. E toda essa parte cultural está travada e há quase três anos. É um total descaso do poder público.” É assim, de forma contundente e realista, que o escritor e jornalista Ignacio de Loyola Brandão fala sobre a Biblioteca Municipal Mário de Andrade. Fechado para reforma desde setembro de 2007, o local deverá reabrir todos os seus setores ao público apenas no fim deste ano.

No começo de sua carreira como jornalista, Loyola frequentava o espaço para fazer pesquisa. “Ia procurar referências para escrever matérias”, diz o escritor. A previsão para a conclusão das obras era março de 2009. Com um ano e um mês de atraso, a Secretaria Municipal de Cultura diz agora preferir não especificar as datas, mas promete que até o fim deste semestre ao menos a biblioteca circulante será aberta ao público - e todo o complexo até dezembro.

Segundo operários, todos os dias alguém busca informações sobre a reabertura do local, onde não há nenhum aviso ou previsão de data de reabertura. A biblioteca, fundada em 1925, fica na esquina da Avenida São Luís e Rua da Consolação, no centro histórico da capital. O edifício-sede é considerado um dos marcos arquitetônicos da cidade.

Seu acervo conta com aproximadamente 3,3 milhões de títulos - entre eles, 300 mil livros. Considerada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) uma das prioridades da Cultura, a obra foi inicialmente orçada em R$ 13,2 milhões. O projeto, que tem financiamento do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), ganhou um prédio anexo em dezembro de 2009, que aumentou o custo da reforma em mais R$ 10,2 milhões. Ele fica na rua lateral da Praça Dom José Gaspar, onde está a biblioteca, e abrigará todo o acervo de periódicos da Mário de Andrade. Nestes quase três anos, o valor mais que dobrou e chegou a R$ 26,65 milhões.

O presidente da comissão de direito administrativo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adib Sad, explica que todas as obras contratadas pelo poder público têm data de entrega definida por contrato. “Os motivos para os adiamentos têm de ser totalmente justificados.” Quando a empresa contratada não cumpre os prazos estabelecidos, a Prefeitura pode aplicar sanções, como multas.

Apesar da demora e da falta de prazos, a diretora da biblioteca, Maria Christina Barbosa de Almeida, garante que os usuários se sentirão compensados com a reabertura. “Ela será moderna e todo o acervo poderá ser consultado”, diz. A biblioteca circulante, que hoje é composta por 43 mil títulos, deve chegar a 60 mil e ficará no térreo.

Parte do acervo de 191 mil livros passou por restauro e desinfecção. Muitos estavam corroídos e empoeirados. Recuperados, ficarão em 12 andares do edifício. A consulta será feita no segundo andar. Obras raras, mapas e a sala de artes ficarão no primeiro pavimento.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Boca do Céu: Narrativas e narradores - 10 a 16 de maio 2010

A estrutura das atividades do Boca do Céu (SP) é inspirada na Proposta Triangular para o ensino e aprendizagem da arte criada por Ana Mae Barbosa, cujos eixos são: Produção, Leitura e Contextualização da arte. Com curadoria da escritora Regina Machado, as atividades se organizam assim: "A Caminho do Tesouro: Aprender a Contar", "O Mapa do Tesouro: Aprender a Pesquisar" e "O Tesouro: Aprender a Escutar".
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Inscrições abertas para as oficinas
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A partir de 16 de abril, pessoalmente, nas Oficinas Culturais Oswald de Andrade ou através do site.
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-De 16 a 30 de abril, inscrições para oficinas que necessitam de carta de intenção.
-De 16 de abril a 8 de maio, inscrições para demais oficinas.
-A partir de 16 de abril, inscrições para espaços temáticos.
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Data para resposta às cartas de intenção (pessoas selecionadas para a oficina): 4 de maio.
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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Entrevista com Lucila Pastorello, consultora e assessora de ações de incentivo à leitura


Mestre em Semiótica e Linguística Geral pela USP, a fonoaudióloga Lucila Pastorello acaba de concluir o doutorado, com a tese "Leitura em voz alta e a apropriação da escrita pela criança", na mesma universidade. Além de clinicar, Lucila desenvolve projetos de assessoria em linguagem para programas de incentivo à leitura e recentemente estruturou, com uma amiga, a Cia. de Leitores Públicos, que reúne pessoas interessadas em leitura em voz alta e transmissão de textos literários.

Junto ao Ecofuturo, a pesquisadora ministrou oficinas Brincar de Ler para professores e educadores e também na Penitenciária de Santana, Zona Norte de São Paulo. Além disso, assina o artigo "Porque sim não é resposta: 7 bons motivos para ler para crianças pequenas", do livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz.

Em entrevista exclusiva para o Instituto Ecofuturo, além de esclarecer a diferença entre contação de histórias e leitura em voz alta, Lucila propõe esta modalidade de leitura como uma prática interativa que não substitui a leitura silenciosa nem a contação de histórias: "Não se trata de suprir, mas de ofertar". A pesquisadora fala ainda dos desafios de incorporar esses temas à formação dos educadores no Brasil e atribui a intolerência para com os erros da criança em fase de alfabetização à crença de que a escrita e a leitura são habilidades cognitivas e não culturais. "Suportamos toda a inabilidade das crianças no aprendizado da fala e não suportamos o erro da leitura". Ao nos depararmos com a força e a clareza do pensamento de Lucila sobre essas práticas, é inevitável que nos questionemos sobre nossa responsabilidade para com a disseminação da leitura, essa "expressão de afeto e cuidado", uma vez que ultrapassam o papel que comumente atribuímos à escola.
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Instituto Ecofuturo: Qual a diferença entre ler e contar?
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Lucila Pastorello: Em primeiro lugar é importante que fique claro que ambas as práticas, tanto contar histórias quanto ler em voz alta, são muito interessantes para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Cada uma destas práticas tem suas características especiais e não devemos pensar em hierarquizá-las: não há uma melhor do que a outra, há efeitos e usos diferentes. Contar histórias faz parte daquilo que chamamos de Tradição Oral da Cultura; é uma forma muito, muito antiga de transmitir experiências e valores sociais, morais e éticos de geração para geração, através dos tempos, de boca a boca; a prática de contar histórias é muito mais antiga do que a prática da leitura, já que esta última está ligada à invenção da escrita. Quem conta a história normalmente faz algumas adaptações, muda um pouquinho aqui e um pouco lá (na boca do povo: “quem conta um conto aumenta um ponto”). Ao contar uma história podemos ainda usar acessórios que nos ajudem a transmitir o texto, como música, roupas e outros objetos. Além disso, a história pode ou não ter sido escrita; às vezes contamos histórias que ouvimos, mas que não estão escritas, e é aí que reside o valor insubstituível desta prática. Mesmo se contarmos histórias que vieram de um livro, no momento da contação não é necessário que o material escrito esteja presente, já que o que interessa mesmo é a história, a narrativa. Com a leitura a coisa é um pouco diferente. Um professor e pesquisador da USP, o Claudemir Belintane, que orientou meus estudos de doutorado, costuma dizer que na leitura há uma lei-dura. Não dá para adaptar, inventar; o leitor deve ler aquilo que está escrito, já que uma das funções da escrita é registrar um texto, em seu conteúdo e sua forma. Ao lermos em voz alta o texto escrito está presente, o que cria uma triangulação na situação: a escrita, o leitor e aquele que escuta e observa a leitura. Esta triangulação é essencial para trabalharmos o desejo pela leitura e pela escrita.
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Ecofuturo: Qual a mensagem para educadores e promotores de leitura sobre a importância de ampliar as ações de leitura em voz alta em vez de contar histórias?
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Pastorello: Olha lá, exatamente o que comecei a falar na pergunta anterior: seria ótimo se deixássemos de lado o “em vez de”.... Por que não “além de”? Se a ideia é promoção de leitura é claro que ler em voz alta é a prática mais indicada, pois a presença do escrito (do livro, por exemplo) na atividade faz com que aqueles que ouvem e veem (crianças, normalmente, mas funciona com adultos também) fiquem interessados em saber de onde vem as palavras, a história que envolvem a todos na voz do leitor. A criança vê o leitor vendo o escrito. O leitor, por sua vez, tem um compromisso com o texto escrito e com os ouvintes: ele testemunha a língua, está sujeito às leis da escrita, mas ao mesmo tempo pode deixar sua marca interpretativa com sua voz, fazendo o texto passar por seu corpo e atingir o corpo dos outros. Mas nada impede de pensarmos em práticas que associem a contação de histórias e a leitura em voz alta, desde que sejam oferecidas e entendidas em suas particularidades.

Ecofuturo: Contar histórias para crianças faz bem. Isso parece ser consenso desde tempos imemoriais, mas a importância de ler para crianças pequenas parece ser novidade entre nós – ao menos no que diz respeito à diferença entre contar histórias e ler para os pequeninos. O seu trabalho tem enfatizado muito esse aspecto. Quando tomamos consciência disso, no Brasil, e por que você direcionou suas pesquisas nesse sentido?

Pastorello: Acredito que ainda estamos tomando consciência disso no Brasil. Contar histórias tem sido uma prática mais intensiva justamente por conta de suas características: liberdade para criar, resgate de elementos da cultura popular e arrebatamento do espectador através de uma cena dramática, muito próxima do teatro. Ao mesmo tempo, a leitura em voz alta pode algumas vezes servir para normatizar preceitos e condutas morais, através de um discurso pronto e que deve ser repetido sempre da mesma forma, para evitar riscos de uma interpretação diferente da desejada. É o que acontece normalmente nos cultos religiosos e muitas vezes na escola que está a serviço a transmitir conceitos políticos-ideológicos (o que aconteceu no Brasil, nos anos de regime militar, mas também em outros países como o Itália, durante o regime fascista, como nos lembra Umberto Eco). A questão aí não é leitura em voz alta, mas o próprio conceito que se tem de leitura e o uso que se faz dela. Se pensarmos que ler é transformar material gráfico em material sonoro, aí pensaremos que existe uma “leitura certa” e uma “errada”. Mas se considerarmos que ler é produzir sentidos, a leitura em voz alta passa também a ser uma forma de singularizar o discurso, de oferecer aos outros a sua leitura particular. Na atualidade e no Brasil, quando falamos aos professores sobre leitura em voz alta, é comum percebermos a associação com o controle, com a avaliação e não com a fruição do texto e a criação de sentidos interpretativos. Esta associação pode ser motivada pelo uso autoritário e normativo da leitura. Contudo, em minhas pesquisas, vejo que o acesso ao escrito desde a tenra infância é uma prática habitual em países considerados mais “letrados”, como é o caso da França do Canadá, por exemplo. É importante pensar a leitura como uma via de acesso ao mundo e ao gozo da cidadania plena. Ler escritores brasileiros é uma bela e boa maneira de inserir a criança no mundo das letras e das diversidades linguitico-culturais de nosso país e formar cidadãos críticos e criativos.

Ecofuturo: Os educadores, de modo geral, estão a par dessas sutilezas e preparados para orientar suas práticas a partir disso?

Pastorello: É leviano fazer generalizações, mas o que eu tenho ouvido, particularmente da boca de educadores, é que não existe uma discussão particular sobre o assunto na formação profissional. Mas, em minha experiência, eles estão ávidos por informação de qualidade que possam modificar suas práticas! Quando ministrei as oficinas “Brincar de ler”, promovidas pela Ecofuturo, ficou claro que educadores e promotores de leitura interessam-se e beneficiam-se de uma formação sobre leitura e, mais especificamente, sobre leitura em voz alta. É urgente dar continuidade a este tipo de formação.

Ecofuturo: Em que momento devemos, além de ler para crianças, passar a ler com elas?

Pastorello: Bom, em primeiro lugar podemos ler com as crianças desde muito cedo; antes de serem alfabetizadas, as crianças podem “ler as imagens” enquanto você lê o escrito (a leitura imagética é uma forma interessante e importante de acesso ao sentido de um texto). Ao poucos, à medida que a criança caminha em seu processo de alfabetização, podemos variar os papéis, inventar outros. Ler para o outro é uma expressão de afeto e cuidado. E para pensar: até que idade queremos ser cuidados? Alberto Manguel, um importante escritor e pesquisador argentino, descobriu a potência da leitura em voz lendo para um grande escritor argentino, Jorge Luis Borges, que estava perdendo a visão, mas não o desejo de ler. A partir daí Manguel passou a incorporar a leitura em voz alta como uma prática interativa: passou a ler em voz alta em casa, com sua companheira. Em alguns países como na França e em Portugal, atualmente, existem sessões de leitura em voz alta abertas ao público: a leitura em voz alta é uma oferta e não uma necessariamente uma alternativa a cegos e analfabetos. Acredito que podemos caminhar nessa direção.

Ecofuturo: Ler para crianças plenamente alfabetizadas é ainda importante ou já é hora de mudarmos de estratégia para que passem a ler por si mesmas? Como se faz essa transição, se é que se trata disso?

Pastorello: Acho que já respondi um pouco desta questão, mas não custa insistir: ler em voz alta não substitui a leitura silenciosa e nem a contação de histórias; não se trata de suprir, mas de ofertar. A transição, falando especificamente em pessoas em processo de alfabetização, se dá naturalmente quando há desejo pelo escrito, quando o não - leitor inveja o leitor e se lança no árduo caminho de ser letrado.A leitura em voz alta é uma oferta, um presente para o futuro. Ler para o outro é sempre importante, ainda mais tratando-se de um leitor em formação. Devemos lembrar que a alfabetização é o domínio de uma técnica, mas a formação de um leitor leva anos (quantos anos? Provavelmente a vida!!). Parar de presentear as crianças quando elas se alfabetizam, me parece mais um tipo de punição.....por ter aprendido a ler. Não é um pouco estranho?

Ecofuturo: A quem compete orientar pais e responsáveis sobre a importância de ler para crianças desde o estágio uterino, por exemplo?

Pastorello: Esta é uma pergunta que tem várias possibilidades de resposta. Naturalmente os agentes de saúde e de educação são os responsáveis, digamos, “oficiais” por este tipo de transmissão. Então estamos pensando em todo profissional ligado direta ou indiretamente à responsabilidade de educar e promover saúde, que seriam, de modo geral, os médicos, professores, enfermeiros, fonoaudiólogos, pedagogos...(Percebam que faço uma ligação da leitura com a saúde, mas este é outro tema...). Por outro lado, transmitir cultura e promover cidadania deve ser função de todos nós: espalhando informações, testemunhando vivências... praticando!

Ecofuturo: Você entende a leitura como “uma prática social”, “um modo de estar no mundo” – o que diferenciaria ser alfabetizado de ser leitor. Por outro lado, estamos numa época de grande disseminação da informação, em que somos exortados o tempo todo a pôr em prática a leitura, tanto como decodificação da palavra quanto como modo de estar no mundo. Em vista disso, é inevitável que outras instâncias sociais se aliem às escolas para dar conta da formação do leitor?

Pastorello: Sem dúvida alguma. É imprescindível que todas as esferas da sociedade participem ativamente do letramento em nosso país. Orientar a conduta do outro, normalmente diz respeito a um profissional que tem conhecimento e autoridade para fazê-lo. Mas, se pensarmos de maneira ampliada, testemunhar os efeitos de ler em voz alta pode ser uma função de todos nós: educar não é exclusividade da escola. Este modo de pensar faz com que todos nós tomemos a responsabilidade de transmitir valores. Vivemos em uma cultura letrada, e transmitir o acesso à leitura e escrita é responsabilidade de todos. Então, é preciso criar novos espaços de ler em voz alta, alternativos às práticas pedagógicas atuais. Qualquer espaço social, público ou privado, deve ser considerado como um potencialmente interessante para a transmissão da leitura.

Ecofuturo: A professora Elizabeth Caldas de Almeida, do Rio de Janeiro, enviou-nos a seguinte pergunta pelo blog do Dia Nacional da Leitura: “Gosto de pedir a meus alunos para lerem em voz alta. Muitos resistem, mas explico que não há problemas em errarem ou gaguejarem na leitura, pois a escola é lugar de errar e aprender, e que na sala eles têm todo o direito de errar – e nem sempre isso acontece na sociedade. Mas já ouvi muitos colegas e especialistas dizerem que é antididático. Qual a sua opinião?”.

Pastorello: Esta é uma questão recorrente entre os educadores. O ponto central para dissolver os equívocos está exatamente na função e uso que se toma a leitura em voz alta. Vamos pensar: ler é uma habilidade que se conquista. Quando eu digo que ler é uma prática social, estou salientando o fato que aprendemos a ler com os outros. Todas as nossas conquistas sociais são determinadas pela relação com as outras pessoas. A criança vai aprender a andar, comer com talheres, falar, se comportar e apropriar-se de toda nossa cultura a partir de sua prática e na relação com os outros, não é mesmo? Com a leitura é a mesma coisa. Todos nós caímos ao começar a andar, derrubamos comida ao aprender a comer, erramos ao aprender a falar e erramos e gaguejamos ao aprender a ler. O problema é que suportamos toda a inabilidade das crianças no aprendizado da fala e não suportamos o erro na leitura. É algo que nos faz pensar... Talvez a origem desta confusão esteja na forma com que as crianças entram em contato com a escrita (não com a alfabetização, por favor), tardiamente. Absolutamente não defendo a alfabetização precoce, mas sim a inserção da criança no mundo das letras desde sempre, pela voz do outro. É antididático deixar uma criança ler como pode? É aintididático deixar a criança falar como consegue? Ou seria melhor não deixar a criança que fala errado, ou que não ainda não aprendeu a falar direito, isolada das outras crianças, porque ela não é um bom modelo? Tudo isso tem relação, mais uma vez, com a crença de que a escrita e a leitura são habilidades cognitivas e não culturais. Mas é preciso mudar este pensamento . E lembrar que: ler se aprende lendo; escrever se aprende escrevendo, da mesma forma que falar, falando, andar, tropeçando. A tolerância que se tem sobre o aprendizado da leitura está fortemente ligada àquilo que entendemos como função e uso da leitura.

Ecofuturo: Lucila, dê-nos uma boa notícia em relação ao incentivo à leitura. A que você se dedica no momento?

Pastorello: Com a conclusão do doutorado, estou me dedicando a divulgar a leitura em voz alta como prática social e cultural, buscando novos espaços para a formação de leitores e apresentação de leitura públicas. Durante a primavera de livros, organizada em 2006 pelo Instituto Ecofuturo, tive a oportunidade de conhecer dois leitores públicos franceses, Marc Roger e Jean Guiet . Em 2007 fui a Paris realizar um estágio de formação e pesquisa com eles (como parte do Doutorado), na Associação Francesa de Leitores Públicos. Voltei de lá com material para minha tese, uma certeza e um desejo: trabalhar com leitura pública no Brasil! Atualmente, concentro minhas atividades na clínica, como fonoaudióloga e no desenvolvimento da Companhia de Leitores Públicos (http://www.leitorespublicos.com.br/), que tem como objetivo reunir pessoas interessadas em pesquisar e discutir os efeitos da leitura em voz alta, bem como estruturar projetos de promoção da leitura, organizar apresentações públicas de leitura em voz alta e formar leitores públicos, que possam multiplicar esta prática, de usar a voz para letrar.

Ecofuturo: No texto coletivo que enviaremos ao Senado Federal, no final do ano, sua palavra não pode faltar. Por favor, diga para nós o que você considera imprescindível de ser amplamente oferecido como política pública de promoção de leitura.

Pastorello: Considero urgente que se invista na formação de educadores, especialmente nas fases iniciais da escolarização – educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental. Estes primeiros anos são determinantes para que se possa trabalhar o enlace da criança pelas letras, já que o afeto é um aspecto evidente nas crianças pequenas. Desde cedo a criança deve ser afetada pelas letras! É preciso que possamos contar com professores conscientes das funções social, cultural e subjetivante da leitura, e principalmente: precisamos de professores que sejam verdadeiramente leitores. Em outras palavras, o professor deve transmitir o desejo pela leitura, a partir de sua própria experiência com a escrita: para ter pleno acesso à cidadania é preciso ao mesmo tempo respeitar as regras da língua e da escrita, mas assumir uma postura crítica e criativa frente ao escrito. Só assim poderemos usufruir, todos, do potencial transformador da leitura. Ainda: criar novos espaços e práticas para a leitura, descolando-a da escola e valorizando sua dimensão cultural é uma ideia que deve ser considerada em políticas publicas de incentivo à leitura: ler não é coisa de escola, é coisa da vida!

Contato: lucila@leitorespublicos.com.br

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Curso Semeando Meio Ambiente e Cultura de Paz na Educação Infantil



SEMEANDO MEIO AMBIENTE E CULTURA DE PAZ NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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Início 29 de Abril, das 14h às 17h.


A UMAPAZ abre o curso Semeando Meio Ambiente e Cultura de Paz na Educação Infantil, a ser realizado de 29 de Abril a 24 de Junho. O curso é destinado a coordenadores e professores de educação infantil, educadores de organizações não governamentais que atuem efetivamente na área de Educação Infantil. Tem o objetivo de sensibilizar os alunos sobre a importância do meio ambiente e da cultura de paz, dando-lhes orientações como base para a realização de projetos e atividades com crianças, famílias e comunidades para que estes se conscientizem das questões socioambientais e a construção de um mundo sustentável.


As inscrições acontecem de 13 a 20 de abril

Primeira Aula: Educação e Cultura de Paz


. Aprendizagens fundamentais
. Concepção de Educação Ambiental
. Cultura de Paz na Educação
. O papel do Educador como formador de valores Universais

Segunda Aula: Água


. Ciclo da água e sua distribuição no planeta

Terceira Aula: Vegetação


.Como vivem as plantas e Biomas Brasileiros

Quarta Aula: Fauna


.Apresentação da Divisão de Fauna do Parque Ibirapuera e manejo da fauna local.

Quinta Aula: Fauna


.Visita e vivências no Parque Ibirapuera

Consumo Responsável


. Discussão e reflexão sobre consumo e desperdício

Projetos


Relatos de experiências de Projetos de Meio Ambiente e Cultura de Paz na Educação Infantil.


Coordenação: Angélica Berenice de Almeida e Débora Pontalti Marcondes
Público focalizado: Coordenadores e professores de educação infantil e fundamental, educadores de organizações não governamentais.
Duração: 24 horas
Cronograma: 29 de Abril; 06, 13, 20, 27 de Maio; e 10, 17, 24 de Junho.
Dia e Horário: quintas-feiras, das 14h às 17h.
Local: UMAPAZ – Avenida IV. Centenário, 1268, Portão 7-A, Parque Ibirapuera.
Informações: (11) 5572-1004
Vagas: 40 – HAVERÁ SELEÇÃO
Inscrições: 13 a 20 de abril. E-mail: inscricoesumapaz@prefeitura.sp.gov.br
Resultado da seleção: 26 de abril de 2010.



FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO
CURSO SEMEANDO MEIO AMBIENTE E CULTURA DE PAZ NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Envie preenchido para: inscricoesumapaz@prefeitura.sp.gov.br

1. Nome completo:
2. Idade:
3. Sexo ( ) M ( ) F

4. Escolaridade: ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior

5. Área de formação:

6. Setor em que trabalha:
Empresa privada ( ) / Organização não governamental ( ) / Público ( )

7. Se servidor público, por favor, informe Nº RF

8. Profissão/atividade que exerce atualmente:

9. Se educador, instituição em que exerce a função:

11. Endereço residencial:
12. Região: Bairro: 13. CEP
14. E-mail:
15. Telefone fixo: 16. Telefone celular:

terça-feira, 13 de abril de 2010

Retrato das bibliotecas do Brasil

Do Blog do Galeno


Um retrato das bibliotecas do Brasil

O Ministério da Cultura pretende anunciar no próximo dia 23, Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, o resultado da maior radiografia das bibliotecas públicas brasileiras já feita no País. O estudo foi encomendado à Fundação Getúlio Vargas e os dados, contabilizados no final do ano, estão sendo rechecados.O governo dá, assim, uma bela bola dentro.

O Dia D das bibliotecas


O Ministério da Cultura se deu até junho o prazo para zerar, finalmente, o número de cidades brasileiras sem bibliotecas (só para lembrar: eram 1.300 em 2003, segundo o IBGE). O problema é que cada vez que acha que identificou todos os municípios sem esse equipamento essencial para a vida nas cidades surge algum outro onde a biblioteca simplesmente fechou as portas.Será uma data com forte simbolismo para a leitura no País.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Aos 90, Narizinho ganha edição latino-americana

O Estado de S. Paulo - 10/04/2010 - Raquel e Lucia Guimarães

Em 1976, no primeiro ano da ditadura militar na Argentina, a jovem Cristina Kirchner viu a irmã recortando capas de edições em espanhol do Sítio do Picapau Amarelo e colando-as sobre títulos de pensadores esquerdistas como Rodolfo Puiggrós e Franz Fanon. O relato está no texto assinado pela atual presidente argentina e que abre a mais recente edição latino-americana de Las Travesuras de Naricita (Losada). O convite foi uma ideia do governo brasileiro para atrair atenção para a edição que ele patrocina e que será lançada neste mês na Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, informa a coluna Babel. Em dezembro, As reinações de Narizinho ganhará também edição comemorativa no Brasil, pela editora Globo. Em junho, a empresa coloca no mercado nacional o infantil O garimpeiro do Rio das Garças, que, sem os personagens do Sítio, ficou de fora das obras completas de Lobato.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Aula inaugural do Projeto Voluntários pela Qualidade Socioambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

*Clique sobre a imagem, para ampliá-la*
































Escritor Luiz Mendes no Programa Entrelinhas da TV Cultura

Programa Entrelinhas, com Luiz Mendes, irá ao ar dia 11/04 – domingo - às 21h30, na TV Cultura.

Luiz Mendes é escritor autodidata. Publicou três livros: Memórias de um sobrevivente,Cela forte e Às cegas. É também colunista da revista Trip e consultor de projetos culturais destinados à população carcerária, como a biblioteca que o Ecofuturo implantou na penitenciária de Bauru, a PII, com endosso da Fundação Mandela. Incansável propagador da tese de que só a boa oferta de cultura pode desconstruir a cultura do crime, Luiz Mendes é exemplo vivo de quem procurou uma saída possível em meio à descida ao inferno: cumpriu pena de 31 anos e ressignificou sua vida por intermédio da literatura.

Veja o que já postamos sobre o escritor neste blog:

- Educação em presídios: por que é importante

-Mona Dorf entrevista Luiz Alberto Mendes

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Livro falado: 350 livros gravados para deficientes visuais

Agência Brasil - 06/04/2010 - Alana Gandra

Livro Falado ganha site com 350 títulos

O projeto Livro Falado lançou o site www.livrofalado.pro.br onde deficientes visuais podem ter acesso a mais de 350 livros gravados, de cerca de 280 autores brasileiros. “O objetivo também é atender pessoas com cegueira dos outros países de língua portuguesa: Portugal, Angola, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné Bissau”, disse à Agência Brasil a criadora do projeto, a mestre em teatro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Analu Palma. Para isso, o projeto, que existe há dez anos, conta com patrocínio da BR Distribuidora e a parceria da Academia Brasileira de Letras (ABL). “Com a ABL, fiz uma parte desses livros que estão sendo colocados no ar”. A gravação da Coleção Voz da Academia contou com a adesão de artistas e locutores, como Lea Garcia e Iris Lettieri. Para acessar os livros gravados, as pessoas cegas devem entrar no site. Para obter a gravação de um livro específico, é preciso enviar e-mail para livrofalado@livrofalado.pro.br. A remessa é gratuita.
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Por favor, divulguem!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Bibliotecas virtuais de acesso gratuito

Fonte: ARede - Tecnologia para Inclusão Social



Bibliotecas virtuais de acesso gratuito

05/04/2010 - A Biblioteca Virtual de Ciências Humanas é um portal criado pelo Centro Edelstein de Pesquisas Sociais que reúne mais de 15 mil títulos em diversas áreas - www.bvce.org. A biblioteca virtual de livros brasileiros de ciências sociais, por exemplo, dispõe de livros já publicados que estão esgotados e os direitos autorais retornaram aos autores, ou com direitos autorais ainda das editoras, mas que foram autorizados a ser colocados no site. São 60 livros digitados e reeditados para facilitar o processo de leitura e impressão. A biblioteca recebe doações para publicação no portal (ver instruções em
Lançamento recente, a biblioteca virtual sobre a Sociedade da Informação inclui 9 mil textos, em várias línguas: www.bvce.org/SociedadeInformacao.asp.
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E está sendo feito, em parceria com a ScieLo, um trabalho de tradução de revistas latino-americanas para o inglês
(http://socialsciences.scielo.org), além da expansão da biblioteca virtual sobre Democracia na América Latina, que conta com mais de 8 mil artigos e dezenas de vídeos como parte do Projeto Plataforma Democrática
Mais informações: www.centroedelstein.org.br

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Bibliotecas Comunitárias contra o analfabetismo funcional

Revista Geografia - Março 2010

A liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais e só podem ser alcançados quando todos os cidadãos estiverem informados para exercerem seus direitos democráticos e para desempenhar em um papel ativo na sociedade. (manifesto da UNESCO).

Por Kátia Ferraz

Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) , do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que o Brasil tem o grande desafio de combater o chamado analfabetismo funcional, que atinge 25% da população com mais de 15 anos, entre outras agravantes, constitui um problema silencioso e perverso que afeta o dia a dia nas empresas.
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Neste universo não estamos incluindo pessoas que nunca foram à escola, mas sim aquelas que sabem ler, escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos, porém não conseguem compreender a palavra escrita. Computadores provocam calafrios e manuais de procedimentos são ignorados; mesmo aqueles que ensinam uma nova tarefa ou a operar uma máquina. No entanto, este perfil de profissionais prefere ouvir explicações da boca de colegas.
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Calcula-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais somem 70% da população economicamente ativa. O resultado não é surpreendente, uma vez que apenas 20% da população brasileira possui escolaridade mínima obrigatória (ensino fundamental e ensino médio). Para 80% dos brasileiros, o ensino fundamental completo garante somente um nível básico de leitura e de escrita.
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No mundo todo há entre 800 e 900 milhões de analfabetos funcionais, ou seja, uma camada de pessoas com menos de quatro anos de escolarização; mas pode-se encontrar também neste meio, pessoas com formação universitária e exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto privadas quanto públicas. Entre suas características, não têm as habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculos para fazer frente às necessidades de profissionalização e tampouco, da vida sociocultural às necessidades de profissionalização e tampouco, da vida sociocultural.
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Muito se tem que fazer para reverter esse quadro, mas algumas iniciativas como a criação de bibliotecas comunitárias pelo país tem tido resultados significativos e atraído um público cada vez maior para o mundo da leitura.
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Uma biblioteca pública está destinada a atender à comunidade em geral, e seu acervo deve ser composto por uma grande variedade de assuntos. Na maioria das vezes, sua gestão é administrada por integrantes da própria comunidade. Criar uma biblioteca comunitária é uma possibilidade de valorização da comunidade local, na medida em que os conhecimentos podem ser levados a um número maior de pessoas. Essa iniciativa mostra o alto nível de organização, amadurecimento e cidadania da comunidade local, já que assim as pessoas se tornam responsáveis pelo processo de crescimento cultural coletivo e individual.
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A biblioteca deve ser um lugar onde o povo possa se encontrar, trocar ideias, discutir problemas, saciar curiosidades e obter informações essenciais para a cidadania. Na chamada sociedade da informação, ainda existem pessoas desinformadas, diante da privação do direito de participação. A existência de bibliotecas comunitárias, que atendam às necessidades de informação, pode minimizar a exclusão social, em regiões caracterizadas pela privação de educação, informações, lazer e vários fatores considerados essenciais para a qualidade de vida.
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A implantação deste espaço visa minimizar as diferenças culturais, raciais, econômicas e educacionais. Para isso elas deverão ser munidas de acervo bibliográfico e documental, considerando os costumes da cultura em que ela está inserida, possibilitando ao seu usuário, o livre e gratuito acesso à informação. Nos países avançados, as bibliotecas públicas são centros de informação da comunidade – que trabalham ativamente para atrair seu público.
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Biblioteca Comunitária Ler é Preciso
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As bibliotecas comunitárias ainda são fenômenos em construção, pois, muitas delas ainda estão em projetos e nas mentes de pessoas que sonham com uma unidade de informação perto de sua casa. Felizmente várias delas já ultrapassaram o mundo da imaginação e se tornaram reais.
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A ONG Instituto Ecofuturo, mantida pela empresa Suzano Papel e Celulose e Suzano Petroquímica criou, há dez anos, o projeto, o projeto Bibliotecas Comunitárias “Ler É Preciso”, que hoje já conta com 80 bibliotecas espalhadas pelo país. Segundo Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Ecofuturo, “A ideia surgiu em 1999, por meio de um diálogo com um engenheiro da região do Vale do Paraibúna, em São Paulo, que apresentou um projeto, visando resgatar a cidadania rural da comunidade. Eles detectaram um êxodo considerável de jovens do local, pela falta de atividades e até mesmo de uma biblioteca local.
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Dez anos depois, o projeto adquiriu um outro corpo, mas sempre esteve pautado na formação de pessoas, na aquisição de um acervo de qualidade novo, fundamentalmente calçado em literatura infantil e juvenil”, explicou.
Entre as prioridades deste trabalho, Christine Fontelles ainda afirma, “Saber ler e escrever com competência é requisito fundamental para que uma pessoa possa desenvolver autonomia, ter acesso à construção de um pensamento autônomo e participar ativamente de uma sociedade democrática tônomo e participar ativamente de uma sociedade democrática . O acesso às obras de qualidade é de extrema importância para acessar o conhecimento e desenvolver estas competências”.
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Participação da comunidade é fundamental


Ainda sobre a mesma ideia, a diretora do Ecofuturo explica que o fato da comunidade participar ativamente faz com que as bibliotecas sejam mais visitadas. “Para nós é importantíssimo que a comunidade dialogue com o poder público, que se constitua um grupo misto de trabalho com pessoas de várias áreas da comunidade como: conselho tutelar, comércio local, agentes de saúde, educação e cultura”. Precisamos ter um grupo interdisciplinar que discuta e planeje a biblioteca em todos os seus aspectos, sejam administrativos, organizativos, até a parte de captação de novos participantes, além de programar atividades de leitura. Nós incentivamos muito para que eles trabalhem com as mídias locais (rádio comunitárias, jornais).

Uma das últimas bibliotecas implantadas no Jardim Panorama, em São Paulo, desprovido de equipamentos culturais e de lazer, exigiu um trabalho muito delicado para construção da confiança de seus moradores. Cerca de 400 famílias residem ali, em uma comunidade que tem pouco espaço territorial e uma fraca infra-estrutura.

Marcos Rosa da Silva, presidente da União de Moradores da Favela Jardim Panorama e representante do poder público local, explica que a biblioteca é uma conquista valiosa para a comunidade. “Em uma localidade carente como a nossa, muitas vezes as pessoas colocam a leitura em segundo plano. Uma iniciativa como essa é extremamente importante para que os moradores do Jardim Panorama possam colocar os livros em sua vida. Literatura é fundamental para o desenvolvimento social do ser humano”, afirma.
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Ele ainda ressalta que a conversa com os articuladores antes da implantação foi fundamental para que a comunidade abraçasse a ideia. “A vinda deles até aqui nos ajudou a enxergar a importância da leitura e de se ter uma biblioteca com a nossa cara aqui. Estamos satisfeitos e esperamos que este espaço traga reais mudanças para o Jardim Panorama”, explica.
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Funcionamento das bibliotecas comunitárias
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Quase todas as bibliotecas implementadas têm a contrapartida da Prefeitura local, além de parceiros comerciais na doação de livros. A prefeitura que cede o espaço faz as obras de restauro e vai garantir a manutenção dessa biblioteca em todos os eixos, desde a remuneração de quem trabalha até a manutenção do acervo. “A ideia não é prescindir desse apoio e sim trazer a comunidade para dialogar e criar um novo padrão de atendimento nessa área”, explica Christine Fontelles.

“Encontramos secretários de Cultura ou de Educação que não estão nem aí e diretores de escolas com muita vontade de ter a biblioteca. Conciliar as duas pontas é difícil, mas não é impossível, porém leva mais tempo porque são necessárias diversas estratégias”, diz a diretora.

Christine acrescenta ainda que, a cada dia surgem novos ingredientes para serem adicionados ao Programa. “Criamos um movimento de sensibilização da sociedade sobre a importância de se oferecer literatura para bebês. E conseguimos em janeiro de 2009, a promulgação do dia da leitura, em 12 de outubro. O objetivo é que possamos reunir e catalisar as ações, porque existem inúmeras desenvolvidas pelo país, mas funcionam sem coordenação. Quanto mais informação se tem, melhor se pode desenvolver o trabalho de formação de leitura”, conclui.

Na mesma linha de atuação das bibliotecas implantadas pelo Ecofuturo, também merece ser ressaltado o programa São Paulo: um estado de leitores, lançado em 2003, pela Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com as prefeituras locais e iniciativa privada.

Desde o lançamento do programa, várias empresas consideraram o projeto extremamente importante e participaram com a doação de uma ou mais bibliotecas para os municípios. No esquema tripartite montado, os padrinhos contatados pela Secretaria fornecem um computador e um acervo básico de 600 ou 1000 títulos definidos pelo Governo, dependendo do número de habitantes dos municípios. As atividades de estímulo à leitura ficam sob a responsabilidade da Secretaria e às Prefeituras coube oferecer a área para a implantação da biblioteca e o profissional para operá-la.

Vencedores do IX Prêmio Laura Russo, do Conselho Regional de Biblioteconomia de São Paulo

Agência Brasil Que Lê - 25/02/2010


O Conselho Regional de Biblioteconomia de São Paulo divulgou, esta semana, os grandes vencedores do Prêmio Lauro Russo em 2010. Foram contemplados bibliotecários e bibliotecas nas categorias Projetos e Trabalhos Acadêmicos. Também foram homenageados os empreendedores sociais do ano. O prêmio priorizou os trabalhos das bibliotecas comunitárias. Conheça os vencedores por modalidade:

Trabalhos Acadêmicos

- Tese de Doutorado “Bibliotecas Comunitárias como prática social no Brasil”. Autora: Elisa Campos Machado. Orientador: Prof. Dr. Waldomiro de Castro Vergueiro

- Trabalho de Conclusão de Curso “Leitura de Barraco: efeitos de leitura em uma biblioteca itinerante” Autor: Adenilson Alves. Orientadora: Lucilia M. Sousa Romão

Projetos

- “Biblioteca Aprendiz”: coordenadora: Rosana Formigoni Telles e Centro Comunitário Ludovico Pavoni.

- “Biblioteca Itinerante”: coordenadora: Cibele Fernandes de Oliveira e Universidade Santa Cecília de Santos

- “Maracatando”: coordenadora: Luciane B. Lima (bibliotecária) e Marcelo Gabriel da Silva (professor) Fundação Julita

- “As partes do todo: bibliotecas crocheteando agasalhos e relacionamentos com quadradinhos de amor”: coordenadoras: Tânia Maria Sanvezzo Cardin e Beatriz Pinheiro da Guia – SENAC (Campos do Jordão)

- “Biblioteca comunitária do Jardim Ranieri”: coordenadores: Rita de Fátima Gonçalves Pisniski (bibliotecária) e Milton Vieira da Silva (Sargento) – Base Comunitária do Jardim Ranieri.

- “Biblioteca Comunitária de Heliópolis”: coordenadores: Leila Rabello de Oliveira - Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

- “Leitura ativa”: coordenadores: Wagner Paulo da Silva e Durvalino Nascimento Peco – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo

Homenagens especiais

Cárbia Sabatel Bourroul (empreendedora), Floriano Pesaro (vereador) e Valéria dos Santos Gouveia Martins (bibliotecária).

A Comissão de Avaliação do IX Prêmio de Biblioteconomia Paulista Laura Russo, do Conselho Regional de Biblioteconomia 8ª Região, foi formada pelas professoras doutoras: Angela Cuenca, Asa Fujino, Marize Vilela, Nair Kobashi e Valéria Valls.

(Reprodução autorizada mediante citação da 'Brasil que Lê - Agência de Notícias')

Contato: agencia@brasilquele.com.br