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O Estado de S. Paulo - 14/05/2010 - A. P. Quartim de Moraes
Implementando uma "nova política para devolução de livros consignados", uma grande editora brasileira instruiu os seus clientes - distribuidores e livrarias - a "descartar" livros não vendidos, devolvendo apenas as capas e a página da ficha catalográfica! Nenhuma instrução específica sobre como promover o "descarte" das obras encalhadas: fogueira, alto-forno, lata do lixo, reciclagem. Nada. Apenas: livrem-se deles! Inacreditável, mas verdadeiro. Tão verdadeiro quanto absurdo. E tão absurdo que a própria editora, sob a pressão da enxurrada de críticas que imediatamente recebeu, cancelou a disparatada instrução. Menos mal. Diante da evidência pública do enorme despropósito, alguém teve o juízo de dar o dito por não dito e colocar a tranca mesmo depois da porta arrombada. Não, não se tratou de um "cochilo" de algum executivo afoito e desavisado! O que certamente houve é que alguém, afoita e desavisadamente, propôs interna corporis a genial ideia como fórmula miraculosa para salvar um troco nas operações de regularização das consignações. Afinal, os fretes andam pela hora da morte! E todo o board embarcou na canoa furada. Ah, se arrependimento matasse! Surpreendente? Absolutamente, não! É assim que funciona a cabeça da maior parte dos executivos que hoje comandam a indústria do livro.
(A. P. Quartim de Moraes é editor associado da Global Editora)
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Isto é uma barbaridade! Mas nos anos 80 as bancas de revistas tinham esta mesma ordem, de só devolver as capas das revitinhas, tipo Mickey e Tio Patinhas, com resto a banca podia fazer o que queria (ouvi a dona de uma banca perto da minha casa falando!!)!!! Não sei se ainda é assim, mas é um sacrilégio!!!
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